segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


UMA LINDA HISTÓRIA SOBRE


LUCAS SAMUEL RÉUS ARAÚJO



Em 1.988, Marluce Gomes da Costa Araújo se encontrava gestante de seu filho LUCAS SAMUEL RÉUS ARAÚJO, com o parto previsto para o dia 24 de fevereiro daquele ano, ocorreu que a falta de Delegados de Polícia naquela época a levou a se tornar praticamente uma Delegada itinerante, pois além da cidade de Capitão Enéas onde era lotada, ela atendia as cidades de Francisco Sá, Grão Mogol, Salinas, e inda concorria aos plantões na cidade de Montes Claros.
Com o parto previsto para meados do dia 24 de fevereiro, eis que no início do mês Marluce foi despachar na Delegacia de Polícia da cidade de Francisco Sá-MG, no final do dia quando retornou para Capitão Enéas, percebeu que a sua bolsa uterina havia se rompido, quando então o seu esposo Sebastião Alves de Araújo, também policial civil a levou para a Santa Casa de Misericórdia da cidade de Montes Claros para dar à luz o seu filho, lá chegando foi informada pelo médico que vinha lhe assistindo, que esta não se encontrava em estado de parto, ou seja: sem dilatação, sem contração, e com pressão arterial muito baixa, não podendo se submeter de imediato a uma cirurgia cesariana, e que a criança teria que ser retirada com o uso de fórceps o mais breve possível.
O parto foi longo e doloroso, a criança sofreu parada respiratória, vindo a sofrer uma lesão cerebral, lesionando as partes do cérebro que comandam a coordenação motora e a dicção.
O tempo foi passando, e enquanto as outras crianças nascidas na mesma época, inclusive seus primos, cresciam saudáveis, LUCAS começava uma longa e dura batalha contra uma lesão cerebral que não lhe permitia se levantar e dar os seus primeiros passos. Seus pais aflitos não corriam contra o tempo, pelo contrário, corriam junto ao tempo, pois esperavam que os remédios caros aliados ao tempo levassem o seu filho a dar os seus primeiros passos.
Nas primeiras semanas de vida Lucas já se tornou paciente assíduo do médico Pediatra Dr. Itagiba e do médico Neurologista Dr. Francisco Pires.
Aos 03 anos de idade Lucas começou a sua jornada de fisioterapia nas Clínicas São Lucas e Fisiocenter.
Os anos iam passando, Lucas crescia, mas como qualquer criança, não entendia a gravidade de seu caso, chegando a dar birra para não se submeter às sessões de fisioterapia, não foram poucas as vezes em que o seu pai embora com dó, teve que o agarrar e o segurar à força dentro da banheira de hidromassagem na Clínica São Lucas.
Como sempre, o tempo era implacável, ia passando como se ninguém estivesse ficando para trás, enquanto isto o Lucas crescia sem conseguir falar, sem conseguir caminhar e sem conseguir segurar qualquer objeto, mas seus pais não desanimavam e muito menos blasfemavam, procuravam cada vez mais amar o próximo e praticar o bem, e morando 60 kms distante de Montes Claros, renunciaram estudos e vida social para conciliar o trabalho e o cuidar do Lucas, assim, todas as terças e quintas-feiras se deslocavam da cidade de Capitão Enéas para Montes Claros, onde Lucas se submetia às mais diversas sessões de fisioterapia.
Sem compaixão, o tempo continuava a passar, e o Lucas já se encontrava com idade para adentrar à escola, mas continuava sem saber dar os seus primeiros passos, não sabia falar, sua coordenação motora não se limitava apenas ao não caminhar, Lucas não conseguia segurar nenhum objeto, não conseguia levar a comida à boca com as próprias mãos.
Deus colocou pessoas maravilhosas para nos ajudar a cuidar do Lucas, citamos aqui nossas secretárias Ivanete, Lucélia e Lucimar, estas moças, hoje com lindas filhas, exceto a Lucimar que embora já sendo casada, porém, ainda não é mãe, na verdade foram como irmãs para o Lucas
Lucas se firmou na Clínica Fisiocenter de propriedade da Dra. Paula, onde se submetia a todos os tipos exercícios fisioterápicos, a Clínica mudava de lugar, mas o Lucas a acompanhava, e a fisioterapeuta vendo o progresso de Lucas, e o empenho de seus pais, chegou a recomendar a compra de aparelhos de fisioterapia para que o Lucas fizesse exercícios complementares em casa.
Certo dia, o pai de Lucas ao incentivá-lo a fazer os exercícios para fortalecer os músculos de suas pernas para que este viesse a caminhar então Lucas lhe responde: “caminhar pra que? Eu não quero aprender a caminhar”.  
Como em uma guerra a luta só cessa quando há um vencedor, e como o Lucas ainda não havia vencido a sua batalha, Seu Comandante maior – Deus, fornecia munições aos soldados – seus pais, para continuarem na batalha, e estes não desanimaram, continuaram a lutar.
Aos 05 anos de idade Lucas foi levado ao Hospital Sarah Kubitschek em Belo Horizonte, onde os seus pais ouviram dos melhores médicos daquela unidade hospitalar, que o Lucas estava bem assistido pelos profissionais da saúde com os quais ele vinha se tratando em Montes Claros, que o seu caso era grave, e que somente a continuação ininterrupta dos tratamentos médicos e fisioterápicos aliados ao amor e a dedicação é quer iriam trazer melhoras para ele, tendo um dos médicos dito “eu vejo esse garoto andando aos 12 anos de idade”.
Ao ouvir daquele profissional que Lucas caminharia aos 12 anos, não rogamos ao tempo para que passasse rápido, nem ficamos esperando por ele, continuamos a nossa batalha, levando o Lucas ao médico pediatra Dr. Itagiba, ao médico Neurologista Dr. Francisco Pires, à Fonoaudióloga Dra. Renata e à Fisioterapeuta Dra. Paula.
Lucas nunca usou cadeira de roda nem muletas, embora tenha sido recomendado por profissionais da fisioterapia, talvez por nos ver com dificuldade para carregá-lo.
Aos 06 anos Lucas foi matriculado na Escola Américo Renê Giannetti, mas como se encontrava muito frágil, permaneceu poucos meses vindo a deixar a escola, com 08 anos Lucas retornou a mesma Escola para cursar o pré-primário, no ano seguinte Lucas se matriculou na primeira série do ensino primário, mas sem saber, ou melhor, sem dar conta de escrever ou desenhar sequer a primeira letra de seu nome, pois a falta de coordenação motora não lhe permitia fazer qualquer rabisco.
Aos 09 anos de idade Lucas se matriculou na Escola Estadual Nossa Senhora da Guia, onde sempre em companhia de uma guia, este assistia às aulas, e sua guia copiava a matéria, quando chegava em casa Lucas ditava e sua guia (secretária) respondia os exercícios.
No ano de 1.998, estando Lucas com 10 anos de idade, e seu pai estando em casa de férias, este decidiu que iria fazer uma longa sessão de exercícios físicos nas pernas de Lucas, e para evitar uma distensão muscular resolveu que aumentaria gradativamente o número de flexões nas pernas de Lucas, sendo que no 9º ou 10º dia, seus pais foram surpreendidos com o Lucas andando pela casa segurando nas paredes. Aleluia, aleluia Senhor!
A partir de então o Lucas foi incentivado a ir a pé para a Escola, já que não era muito longe, para ajudar a desenvolver a musculatura de suas pernas, mas sempre acompanhado.
No ano de 2000 Lucas muda para Montes Claros em companhia de seus pais, sendo que nesse íntere somente a Lucimar nos acompanha, a Ivanete resolve permanecer em sua cidade enquanto que a Lucélia já havia nos deixado por ter se casado. Em Montes Claros o Lucas conclui o ensino primário e cursa até a metade da 6ª série, sempre ao lado de sua secretária Lucimar que mais parecia uma irmã, e que estava sempre a copiar a matéria lançada na lousa pelo professor, pois o Lucas se limitava a prestar atenção às explicações, nunca conseguiu escrever sequer uma palavra, em casa a sua secretária lhe chamava para fazer o dever de casa, quando então ele ditava e ela escrevia.   
No segundo semestre do ano de 2002, aos 14 anos de idade, Lucas deixa a sua Fisioterapeuta Dra. Paula, sua fonoaudióloga Dra. Renata, seus médicos Dr. Itagiba e Dr. Francisco Pires, e ruma para a cidade de Uberlândia em companhia de seus pais, a secretária do Lucas o acompanha, e aqui chegando recomeça a mesma “ladainha”, acompanhar Lucas na Escola, copiar a matéria, chegar em casa e chamá-lo para fazer a tarefa, ele dita e ela escreve, isto vai até o final do 1º ano do ensino médio quando a Lucimar resolve retornar para a sua cidade no norte de Minas para se casar, quando então a mãe do Lucas tem que desempenhar duplo papel, trabalhar fora e nos dias de provas ir à Escola escrever a prova para Lucas, e todos os dias ao final da aula pegar o caderno do irmão de Lucas que por sinal estuda na mesma sala desde o primeiro ano,  xerocá-lo para o Lucas estudar em casa.
Lucas não abandona o seu tratamento por ter mudado de região, ele apenas muda de profissionais, e em Uberlândia se torna paciente da Terapeuta Dra. Iandara R. Menezes, do Fisioterapeuta Dr. Emerson Moreira Nobre, da Fonoaudióloga Dra. Patrícia Cunha Rocha, dos médicos neurologistas Dr. Luiz Carlos Horta e Dr. Francisco Rama, passando também a fazer exercícios de equoterapia.
Em agosto de 2007 a mãe de Lucas se aposenta.
Em dezembro de 2.007 Lucas aos 19 anos de idade termina o ensino médio, sendo que no final de cada ano do ensino médio, Lucas prestou a prova do PAIES, concorrendo de igual para igual a uma vaga no Curso de Engenharia Civil na Universidade Federal de Uberlândia. Em janeiro do ano seguinte, abre as inscrições para o Vestibular na Universidade Federal, como ainda não havia saído o resultado do PAIES, Lucas presta o Vestibular concorrendo novamente de igual para igual, a uma vaga ao mesmo Curso na mesma Universidade, poucos dias depois de prestar o Vestibular, sai o resultado do PAIES onde constava que Lucas estava aprovado, quando saiu o resultado da primeira etapa do Vestibular, lá também constava que Lucas estava aprovado.
Sem a secretária Lucimar, Lucas tem agora a sua mãe que já se encontra aposentada, que então acumulou as funções de mãe, motorista e secretária de Lucas, ficando 24 horas por dia a sua disposição, passando inclusive a ficar o dia inteiro na Universidade para lhe auxiliar em tudo, até para lhe servir o almoço, pois Lucas não consegue colocar a comida no prato, mas embora um pouco desengonçado já consegue colocar a comida na boca com as suas próprias mãos.
Mas Lucas não para por aí, e já estando concluindo o 8º período de Engenharia Civil, cismou que queria aprender a dirigir, o matriculamos em uma Auto Escola, o levamos ao Detran em Belo Horizonte onde ele se submeteu a exame especial tendo sido considerado apto para dirigir desde que o veículo receba determinadas adaptações.
Lucas fez inúmeras aulas até se sentir capacitado a prestar o exame de direção, prestou o exame dia 02/12/2011 e o resultado não poderia ser diferente do resultado do PAIES  e do Vestibular, o resultado então foi APROVADO.
Diante de tudo o que aqui foi exposto, agradecemos primeiramente Ao GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO - DEUS, e agradecemos todas as pessoas que se fizeram presentes na vida do Lucas, secretárias, professores, colegas de aula, fisioterapeutas, terapeutas, fonoaudiólogas, médicos, Dentista, amigos, enfim, todos, todos os que um dia deixaram a sua marca na vida de Lucas, e conseguintemente na vida de seus pais.

F I M

11 comentários:

  1. Obrigado Gerlice. Postei a notícia em meu blog a respeito da primeira CNH em toda Minas Gerais entregue a um condutor com paralisia celebral e não sabia que esse fosse um nortemineiro.
    Informação é tudo e a historia de Lucas e sua família nos ensina que a primeira etapa de toda conquista é a força de vontade.
    Legal.

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  2. Nossa não dá pra acreditar que esse é o Luquinhas, amos vocês, saudades esperamos uma visita! beijos.

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  3. Essa linda história sem dúvidas foi um grande presente em minha vida, é impossível não emocionar, o Luquinhas, Carinhosamente chamado quando ainda bem pequeno, é um exemplo de superação. Mas a sua mãe Dr. Marluce é um exemplo de amor e dedicação!!! Parabéns Lucas pelas vitórias!!!!

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  4. Os desafios podem ser os degraus numa escada, ou pedras no caminho. Lucas soube como encará-los. Parabéns Lucas, Ir.: Sebastião Araújo e Dra. Marluce. Feliz Natal e um ano novo cheio de progresso.

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  5. Que linda história de vida,exemplo de tudo, de superaçaõ, de vontade, ai se todos tomassem como exemplo . Abraços e parabéns pela linda matéria Gerlice.

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  6. Parabéns pela matéria!!!
    Viva os eneapolitanos!

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  7. Povo de Capitão Enéas, desejamos a todos vocês um FELIZ NATAL e um PRÓSPERO ANO NOVO. Saibam que não foi por acaso que moramos nessa cidade por 14 anos, foi por amizade a esse povo e por amor a esse lugar.
    Abraços.

    Sebastião Araújo
    Marluce Araújo
    Lucas Araújo
    Alexandre Araújo.

    Uberlândia, 20/12/2011

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  8. Nossa essa família mora em nossos corações, Parabéns, vocês são um exemplo de vida para toda Capitão Enéas.

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  9. Este é para nós um exemplo de vida, nos mostra que quando agente quer, dedica, tem fé, tem apoio e principalmente força de vontade, as coisas acontecem de forma positiva em nossas vidas. Fico irradiando felicidades em saber da sua evolução e superação...saiba que nada acontece por acaso, voce é um anjo que veio iluminar a vida de seu pai Dr. Sebastião e sua mae Dra. Marluce, e deixa para nós um desejo de mais conquistas e realizações positivas em sua vida e de seus familiares. Parabens por mais esta vitória!

    "Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem".

    FELIZ NATAL E UM FELIZ 2012!!
    Abraços,
    Tajde Aguilar.

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  10. Ir:. Sebastião, Dra. Marluce, Lucas, e Xandão, vcs são a prova que DEUS existe e mostrou isso através da superação de Luquinhas.
    Feliz Natal e Prospero ano Novo.
    Abraços
    Amaury Murça e Familia

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  11. Que maravilha!!
    Fiquei extaziada ao ler esta postagem. Conheci o Lucas ainda bem pequeno, mas perdi totalmente o contato depois que se mudaram de Capitão.A história dele é um exemplo e incentivo à todos que tem alguma limitação física, para que não desistam de lutar por seus sonhos.
    Para Deus não há impossíveis. Creia e você verá o agir de Deus na sua vida!!

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