Água não é luxo nem vaidade. É necessidade essencial. Não é preciso ir longe para constatar que onde tem água tem cercas, grades, ganância, exploração e disputas pelo dinheiro. Não há água disponível para todos como antes.
Estive no Quem-Quem, Distrito do Município de Janaúba aqui no Norte de Minas Gerais. Fui ouvir e ver a realidade das pessoas daquela Comunidade em relação ao acesso à água. Lá a água é explorada pela COPASA, empresa de economia mista com sede em Belo Horizonte, mais de 500 quilômetros de distância.
A maioria da população é visivelmente pobre. Desprovida de atenção básica. Entrevistei Pessoas e percebi que todos têm o mesmo desejo: acesso à água.
Ivanete, mulher que trabalhou duro na roça, alega que “não pode tratar de um canteiro de horta” porque precisar economizar para não ser surpreendida no fim do mês. Ela diz que se pudesse gastar a quantidade de água da qual necessita pagaria “uns 50 e tantos reais“
Comparando o Distrito de Quem Quemcom o de Caçarema não há dúvidas de que a história se repete. Tanto lá como cá, a transferência do dever de abastecimento para a COPASA não levou em conta o que a Comunidade pensa e nem suas necessidades básicas. Além disso, a coisa é feita de modo tal, que divide a Comunidade que vive sobre o mesmo território entre quem é a favor e quem é contra pagar água, como se só aqueles com capacidade de pagamento tivessem direito a Ela.
A água foi transformada em mercadoria e por isso, quem não paga não tem água.A história de Valdomiro Pereira morador na cidade de Uberlândia foi diferente. Lá a empresa municipal que cuida da água foi proibida por decisão judicial de suspender o fornecimento de água para Ele e sua família.
Possivelmente a decisão de transferir a estrutura de distribuição da Água no Quem-Quem para a COPASA e de conceder-lhe a prerrogativa de cobrar tarifas e de suspender o fornecimento por falta de pagamento, foi tomada nos escritórios distantes das pessoas diretamente interessadas no assunto; ou seja nos escritórios de Vereadores, Prefeito e de Executivos, servidos com água mineral e por ar condicionado. Essas pessoas não reconhecem o direito universal à Água.
Segundo Moradores, a COPASA passou a explorar a água no Quem-Quem depois que a rede de distribuição estava implantada e custeada com verba pública. E quando tudo estava prontinho para
levar água gratuitamente para todos os Moradores, a COPASA foi acionada para explorar a água com suas caixas registradoras de dinheiro, os hidrômetros.
Na opinião de Marlene Moreira a água distribuída pela COPASA estraga as roupas, elas “ficam descoradas”. Além disso, Ela se queixa de dor do estómago e atribui o fato à água.
Para o morador EvertonOliveira, a água distribuída pela COPASA “tem gosto ruim”. Ele questiona o fato de ter que pagar por uma substância que não tem a qualidade esperada. O morador alega que a água distribuída provoca rachadura nas caixas de cimento e nos tanques de lavar roupa.
A maioria das famílias recorrem aos parcos recurso do Bolsa-Família para pagar pela Água. É o caso de Tuta, mãe de seis filhos, que disse deixar de comprar material escolar para os filhos para pagar a COPASA.
Experimentei a água coletada na torneira da casa da Sra. Ivanete. O gosto me lembrou o de remédios que se toma contra azia ou má-digestão, depois da efevercência. Além disso, encontrei rede de água sem conservação vazando o tão precioso líquido, assim como acontece AQUI ONDE EU MORO.
Acredito que a alta auto-estima de uma Comunidade está associada às suas conquistas das condições essenciais à vida, como é o caso da Água. Prefeito e Vereadores são obrigados a prestar contas de seus atos por dever de obediência ao Princípio Constitucional da legalidade. Portanto, não se pode pensar que a exploração da Água em Caçarema pela COPASA seja “favas contadas”.
Aqui Onde Eu Moro apóia esta causa por entender que a Água é um bem comum de todos.
MANIFESTE-SE!