No começo de 1930, chegava à região do Norte de Minas Gerais, um desbravador pernambucano, Enéas Mineiro de Souza. Empreendedor de marca maior, tomou como desafio a construção de longos trechos ferroviários para a Estrada de Ferro Central do Brasil de Minas Gerais, ligando São Paulo à Bahia. Intrépido, adentrou-se nas matas entre os rios Verde, São Domingos e Quem Quem, ocupou vasto território e próximo ao de Sapé, estabeleceu a Fazenda Burarama, onde foram construídos casas, serraria, algodoeira, matadouro, salgadeira e os diversos escritórios da administração dos negócios, todos pertencentes ao empresário Capitão Enéas.
Depois surgiram outras e mais casas, residenciais, comerciais e de serviços bancários, os trilhos da Central do Brasil, e em 1942, nascia o pequeno povoado de Burarama de Minas.
De fazenda, passou a cidade. Nunca se intitulou de povoado, nem nunca ganhou foro da vila.Quem, algum dia a chamou de povoado ou de vila? Nunca. Era fazenda Burarama. Ou a Burarama do Capitão.Por que não emancipar Burarama? Burarama que preenchia todos os requisitos? Um bom número de casas; gente de sobra, água e luz, muita renda.Não pode. Alguém refutou. Não tem foro de vila. Não tem foro mas tem corpo. Vai assim mesmo, resolveu o Capitão. Já estava de idade bastante avançada e não iria perder aquela oportunidade. Está decidido. Burarama vai ser cidade. Há de encontrar boa vontade da parte de amigos e políticos. E encontrou. Até mesmo, entre as autoridades de Francisco Sá, de que Burarama era parte integrante.Sua primeira providência foi formar uma “comissão pró-emancipação”, cujos membros constam da ata lavrada e, livro que se acha arquivado.Combinando o desmembramento, fez-se o levantamento das fronteiras.
A linha limítrofe passava pela estrada federal. Na cozinha de Burarama. O Capitão não gostou não. Queria que ela passasse por mais além. Já tinha providenciado uma lista de adesão, a ser assinada pelos fazendeiros e moradores do lado de lá da estrada. Mas não havia mais tempo. A Câmara de Vereadores de Francisco Sá já havia aprovado o limite pelo traçado da referida estrada. Era deixar como estava. E Burarama foi emancipada. Foi pela Lei no 2.764 de 30 de dezembro de 1962. Sua área de 918 km² era compreendida de dois distritos: o da sede, desmembrada de Francisco Sá, e o de Caçarema, desmembrado do distrito de Canabrava.
Com a morte do Capitão, logo trataram de prestar-lhe aquela que seria a maior das homenagens recebidas, qual seja a de dar o seu nome ao município de Burarama de Minas. Quanto à homenagem, todos foram acordes. Num ponto, entretanto, houve discordância. Uns queriam que Burarama de Minas passasse a se chamar “Eneápolis”, outros de Capitão Enéas. Capitão Enéas é mais contundente. Vai ter uma aceitação rápida, pegará melhor; argumentaram. Prevaleceu a última idéia. Da legalização encarregou-se o Deputado Jorge Vargas, quem, junto ao governador José de Magalhães Pinto não teve dificuldade de fazer aprovar Projeto de Lei No 2.189/65, na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.Projeto que se fez lei, publicado no “Minas Gerais”, de 15 de setembro de 1965, autorizando definitivamente a mudança do nome Burarama de Minas para “Capitão Enéas”.